31 de dez. de 2011

Aquele de 2011

Dois mil e onze foi um ano meio merda. Me estressei com a vida, não sabia o que fazer com minha carreira, não sabia que direção queria ir, sentia vontade de nada. Achei dúvidas na minha cabeça que eu nem sabia que existiam e metas que pensava não ter vontade de tentar seguir. Se possível me atolei mais ainda em dívidas e teve dias que me sentia emocionalmente com o peso do chão sobre mim com mais toneladas e toneladas de fezes por cima. Mas eu superei.

Conheci muita gente nova. Trabalhei com muita gente bacana e descobri que talvez eu possa servir para alguma coisa nesse mundo se eu fizer o esforço necessário. Encontrei o pai da minha futura filha e estou quase decidindo o que quero da vida.

Dois mil e onze pareceu um ano que ia demorar para acabar. Acho que porque no quesito obrigações e estudos foi quase tudo uma grande bosta mesmo e o que eu mais queria era um peso a menos nos meus ombros pra relevar a chatice e falta de interesse que foi a faculdade esse ano. Quando eu percebi já era Natal.

Aliás, nesse último Natal eu não sei o que foi melhor. Se foi minha família inteira conhecendo meu namorado cujo sogro o proibiu de pisar na minha casa. Se foi a avó do Bu Couto no telefone me desejando Merry Christmas e melhoras da tuberculose que ele inventou que eu tinha desenvolvido. Ou se foi meu tio, tadinho, extrapolando os limites do bom senso e me dando de presente um livro do Silas Malafaia. No fim eu acho que o melhor mesmo foi ter ganhado da minha avó o perfume Diva Chic, que eu nem conhecia. Acho que ela certou totalmente na escolha.

Para dois mil e doze eu quero menos estresse, menos dúvidas, menos dívidas (se Zeus quiser) e mais dinheiro no bolso.

De quebra, desejo um ano novo bem neurótico pra todos vocês.

20 de dez. de 2011

Aquele do primeiro nome

Eu sempre tive um problema sério com meu primeiro nome: Jorge. Eu nunca gostei dele. Talvez esse meu repúdio seja pelo fato de eu ter crescido sendo chamado de Alison para não haver confusão com o outro Jorge da família, não sei. Só sei que a minha vida toda eu tentei fazer as pessoas me chamarem de Alison porque eu nunca achei que Jorge tinha lá muito a ver comigo. Por causa disso, geralmente pessoas do círculo escola/faculdade me chamam de Jorge e o resto me chama de Alison, porque eu me apresento como Alison.

Enfim, meu problema com Jorge acaba gerando certas irritações do tipo: Gente que me conhece como Alison eu não deixo me chamar de Jorge, e quando me chamam eu acabo respondendo de forma mal criada. Meu pai e meu namorado, por exemplo, fazem um pouco disso pra me irritar.

Hoje eu cheguei em casa e meu namorado veio falar comigo no facebook.

"Namorado: Oi Jorge.
Eu: JORGE MEU CU.
Namorado: É a Célia, mãe do Anderson."

Morri de vergonha.

15 de dez. de 2011

Aquele do mau humor

Sabe quando você acorda de mau humor? E parece que o universo está em conspiração e você sente vontade de matar alguém? Pois é, às vezes eu acordo assim. Por mais simples que a palavra possa ser, eu chamo isso de estresse. E o estresse, gente, é a TPM do homem.

Tudo começa quando meu intestino não funciona de manhã. Isso me irrita profundamente. Não fazer cocô de manhã é um sinal dos deuses de que eu vou ficar estressado pelo resto do dia.

Daí acontece de tudo. Eu abro o armário. Nada decente pra vestir. Olho minha cara no espelho. Não dormi direito, estou com a cara péssima. Aliás, geralmente nesses dias de amargura emocional a chance de eu ter acordado de uma noite mal dormida é bem alta. É quando minha pele acorda um lixo, meu cabelo pior ainda e eu acabo sendo forçado a ficar o dia inteirinho com aquela aparência descabelada que me faz querer amaldiçoar minha herança genética. Por causa disso, inclusive, eu acabo restringindo visitas ao banheiro ao extremamente necessário para não ter que passar por um espelho e ver o reflexo da minha cara de zumbi muitas vezes ao dia..

Mas apesar de tudo eu acho que a desgraça jaz principalmente nas relações sociais. Nesses dias eu acabo não falando direito com as pessoas porque tudo e todos me irritam. As pessoas até chegam com simpatia, perguntam se tá tudo bem e eu respondo com um "to ótimo" de cara feia e isso só piora as coisas. Mas isso não é o crucial, o crucial é que SEMPRE tem uma criatura em especial que se acha engraçadinha pra me torrar ainda mais a paciência.
Geralmente essa pessoa é o meu pai.
Aliás, eu diria que noventa e seis por cento das vezes essa pessoa é o meu pai.

Eu estou pouco me lixando se ele não aceita meu modo de vida, se ele me acha irresponsável, mulherzinha, sem cérebro, se ele odeia meu namorado, dane-se todas essas coisas. Por incrível que pareça, eu cresci com a habilidade de ignorar tudo de ruim que o meu pai pensa de mim e seguir em frente de cabeça erguida. Mas hoje, quando eu vi que ele comeu o meu último pudim com cobertura de morango, ah, foi a gota d'água. Isso foi o fim pra mim.

Foi o fim.

2 de nov. de 2011

Aquele da resposta cretina

Acho engraçado como são aquelas pequenas coisas que nos fazem sentir como um completo idiota. Esses dias na Cidade Universitária enquanto esperava pelo meu ônibus, por acaso reencontrei um antigo amigo de escola com quem não falava há anos. Daí que por acaso ele estava acompanhado por uma amiga super simpática dele, a quem ele acabou resolvendo me apresentar.

Reencontro de antigos colegas de classe tem sempre aquela vibe de velhos tempos, né, em que você geralmente está ou tem que fingir estar interessado no que o outro anda aprontando e planejando na vida. Então, como eu disse, estávamos na Cidade Universitária, eu não fazia ideia de qual faculdade ele cursava, e então eu perguntei:

"Mas então, você está fazendo o quê aqui?"

"Estudando, né? Duh" respondeu a amiga dele pra mim.

E foi então que eu respirei fundo, contei até três e segui em frente. "Não... eu estava me referindo a qual curso...".

Mas depois eu fiquei pensando. Ter tido vontade de atirar na cara da garota com uma metralhadora por aquela resposta cretina por acaso me faz ter tendências leves à violência contra a mulher?

Mas por outro lado, talvez seja é melhor eu parar de fazer essas perguntas idiotamente ambíguas.
Boa sorte para mim.

22 de out. de 2011

Aquele da Loja VIRUS

Certa vez estava na casa do meu namorado com todos os dementadores (apelido carinhoso que dou à família dele) e como eu já contei aqui, eles tem uma certa fixação pela minha coleção de All Star. Uma vez começaram a discutir sobre como todos os dementadores deviam comprar um par para ficarem todos iguais como num grupinho exclusivo que segue as mesmas tendências e se igualarem a minha sofisticação de calçados.

"Mas onde você compra os seus, hein?" perguntou um dos primos.

"Ah, eu compro online na Loja VIRUS" eu respondi.

"Hahaha, Loja Vírus, hein? Saquei, saquei. Você entra na página e seu computador fica cheio de vírus. Muito boa essa, você é engraçado."

Eu não consegui fazer nada além de sorrir de volta. Imagina minha cara com o sorrisinho amarelo e balançando a cabeça, concordando.

"É. Pois é, me dizem muito isso."

Vou falar o quê?

8 de out. de 2011

Aquele em que eu perco o espetáculo

Esses dias estava rolando a Jornada de Iniciação Científica lá na UFRJ e eu acabei sendo forçadotirando um dia para assistir uma rodada de apresentações, já que uma amiga minha estaria defendendo o trabalho dela. Então eu fui lá assitir.

Aquela coisa de universidade, né. Gente subindo ao palco pra contar o que estudou nos últimos N meses, conversa intelectual, falação, falação, blábláblá, gente fazendo perguntas, lálálá. Eu acabei saindo e entrando no auditório umas cinco vezes pra dar um rolé e respirar uns ares frescos. Na última vez eu voltei e algo estranho estava rolando lá dentro.
Mal sabia eu que eu tinha perdido um episódio épico da jornada.

"O que aconteceu aqui?" eu perguntei pro meu amigo, que fez um escândalo organizado assim que eu voltei.

"Amigo. Você perdeu. A menina pariu um brócolis! Um brócolis enorme saiu de dentro dela!" ele me disse.

"Ela pariu?! Um brócolis?!"

"É, um brocolis! Foi muito tenso."

"Como assim ela pariu um brócolis?! Do nada?"

"É, ela começou a gemer e de repente pariu um brócolis! E era enorme! E daí levaram o brócolis para uma caixinha e começaram a regar o brócolis com leite."

"Eu não estou entendendo. Ela estava apresentando um trabalho."

"É!"

"E do nada começou a gemer e pariu um brócolis?"

"Exatamente. Em cima da mesa."

"E daí regaram o brócolis com um regador cheio de leite?"

"Isso."

Daí exatamente nesse momento passa bem do nosso lado um pessoalzinho carregando uns equipamentos, uma caixa e um regador de plástico enorme.

"Aquele regador ali?"

"Ele mesmo."

"Eu não acredito que eu perdi isso."

E até agora eu não estou acreditando. Nunca mais eu subestimo uma apresentação acadêmica. Sabe lá o que mais esses intelectuais são capazes de fazer pra chamar atenção.

29 de set. de 2011

Aquele do suposto desprezo

Era uma bela e monótona manhã na universidade, o sol brilhando lá fora e os pássaros enchendo o saco, como de costume. Eu matando aula, também como de costume, e de repente sendo arrastado pra tomar café por um indivíduo que queria porque queria falar comigo.

"Ah, porque eu tenho notado que você anda diferente comigo, não tá falando comigo direito. E agora eu to percebendo o motivo" ele começou falando pra mim.

"Ah é, mesmo?" eu perguntei "E por que seria?"

"Você tá é me desprezando. Porque pra você não faz diferença se estou aqui ou não, se eu falo com você ou não. Na verdade você só está agora falando comigo porque não tem nada melhor pra fazer".

Sei lá, vai ver eu sou mesmo péssimo com gente, eu confesso. Não tenho talento pra gente, não sei lidar. Deve ser coisa minha, mas veja bem: O que possivelmente eu vou dizer em resposta para uma coisa dessas?

"É. Vai ver é isso mesmo." foi o que eu disse.

Com quem foi que eu aprendi a ser tão ridículo assim?

27 de set. de 2011

Aquele do pânico no cinema

Eu sempre tive o costume de frequentar o cinema, sabe. Geralmente não acompanhado. Sozinho mesmo. Ficar ligando pras pessoas irem comigo ao cinema nunca foi um pensamento viável porque 1)Eu nunca tive tantos amigos assim 2)Uma hora eu ia acabar não tendo mais amigos disponíveis para chamar, dos poucos que eu tenho ou 3)Eles iriam acabar se estressando comigo por chamá-los para ir ao cinema toda semana. Daí, né, o que resta: Ir ao cinema sozinho.

E eu só pago mico. Seja sozinho, seja acompanhado. Porque sempre, sempre acontece alguma merda e eu acabo tendo que esconder meu rosto com a palma das mãos na tentativa ilusória de que a situação seja menos constrangedora.

Pois a sessão de cinema aquele dia estava lotadíssima, né. Estávamos eu, duas gueis e um casal heterossexual. Filme brasileiro, sabe como é.

Então o filme acaba e eu sou o primeiro a levantar. E tipo, quando eu entrei na sessão não tinha exatamente uma porta, era uma entrada aberta, sabe, então o problema na hora de sair é que estava tudo escuro, não se via nada. Daí a pessoa aqui estava crente que sabia EXATAMENTE onde a passagem de volta pra bilheteria estava. Começo a desfilar com toda a pose e glamour que eu tinha reunido no momento e bato com tudo de cara na parede do cinema. Daí o que você faz quando não encontra a saída? Tem um ataque claustrofóbico e entra em pânico, é claro. Comecei a tatear a parede e a gritar "ESTAMOS PRESOS, ESTAMOS PRESOS, SOCORRO". Imagina uma pessoa presa numa caixa tentando sair. Era eu, só que numa sessão de cinema.

No final, eu acabei percebendo que havia uma cortina preta no que deveria ser a saída da sessão. Arrumei a bolsa no ombro, fiz carão, sequer pensei cogitar em olhar pra trás e dei o fora daquele lugar o mais rápido que pude.

24 de set. de 2011

Aquele da gêmea errada

"E AÍII, MALUCAAAA!! Diz aí, como é que você tá?!" eu berreigritei certa vez para uma amiga que tinha acabado de entrar na minha sala de uma aula que eu nem sabia que ela fazia comigo.

Antes de se sentar ela parou parecendo confusa e me olhou de cima a baixo. Fazendo esforço pra lembrar quem possivelmente seria o louco que acabara de berrar com ela, talvez, não sei.

"Ah. Oi." ela disse em resposta e se sentou, infinitas carteiras longe da minha, preciso ressaltar.

"Foi impressão minha ou sua amiga te ignorou completamente?" meu amigo ao lado perguntou.

Mas foi aí que eu percebi. Não era a minha amiga.

Eu tinha acabado de berrar em público pra gêmea errada.
Morri de vergonha.

13 de set. de 2011

Aquele com o livro nas calças

Eis que um mês depois da minha professora de literatura portuguesa começar a abordar um certo livro eu resolvo aparecer na aula dela pela milésima vez sem nem ter adquirido o livro ainda. Sabe o que é isso? É aquela situação em que você ir pra aula e ficar em casa dá na mesma.

Então eu tinha passado na livraria antes da aula pra comprar a bosta do livro, mas custava tipo quinze reais e eu queria guardar dinheiro pra assistir Glee, O Filme em 3D nos cinemas essa semana, porque 3D é caro pra caralho. Enfim. Acabei não comprando.

Mas daí passei meia hora de aula boiando né, olhando pro teto. E sozinho, porque meus amigos todos me fizeram o favor de faltarem. Então chegou um momento que não aguentei mais, peguei a carteira e me retirei pra comprar o tal livro porque, né, eu não estou tão miserável assim que não posso dar quinze reais pra comprar um livro pra faculdade.

Comprei.

Coloquei o livrinho pocket dentro da calça, porque sei lá, não queria que ninguém visse que eu tinha acabado de comprar um livro que se bobear todo mundo já tinha lido inteiro e eu também já devia ter feito o mesmo, entrei na sala e me sentei.

Tá, mas agora como é que eu tiro o livro de dentro das calças sem ninguém ver? Pus a mochila no colo, quase me deitei e comecei a me contorcer com as mãos dentro da calça jeans. Quando eu finalmente consigo dar um jeito de puxar o livro discretamente e pôr as mãos nele, a menina do lado me solta:

"Ela está na página vinte e sete."

"Ah. Obrigado." eu disse com um sorrisinho, mostrando o polegar pra ela.

Sei lá, morri de vergonha. Tanto esforço pra manter a pose de bom estudante em dia com a bibliografia pra nada.

12 de set. de 2011

Aquele do gasto desnecessário

Eu não sei qual é o meu problema quanto a poupar energia. Sei lá, vai ver eu sou meio retardado mesmo ou só um pouco sem noção para essas coisas, mas hoje eu estava pensando e percebi que eu tenho uma certa inclinação a gastar luz desnecessariamente. Aqui no meu quarto, por exemplo, a televisão geralmente fica ligada o-tempo-todo, tipo o dia inteiro, sabe. Mas a pergunta em questão quanto a isso é a seguinte: Eu assisto à TV o tempo todo? Claro que não, não sou doente. Eu tendo a acreditar que é mais o som mesmo. Às vezes eu estou usando o computador, escrevendo, lendo, ou desenhando, sei lá, mas a TV continua lá ligada. Eu posso ficar minutos, horas sem nem ao menos olhar para a tela ou até mesmo prestar atenção no que está sendo dito, mas eu jamais a desligo. Vai ver eu tenho lá meus motivos psicológicos para isso. Vai que o som da TV ligada me acalma?

Mas não é só isso, não. Eu costumo ficar meia hora debaixo do chuveiro elétrico tomando banho, duas vezes por dia. Isso dá uma hora gastando água quente. O computador nunca é desligado. E tem até uma coisa engraçada que acho que muito gente se identifica, mas que eu fiquei sabendo que gasta uma energia do caralho: Minhas pernas parecem que trabalham sozinhas de hora em hora em tempo regulado para dirigir meu corpo à cozinha para abrir a geladeira. Daí eu olho pro interior dela. Olho. E olho mais um pouco. E em seguida fecho sem apanhar absolutamente nada. Nem água. E isso no mínimo mais de dez vezes num dia só.

Não sei vocês, mas eu pessoalmente acho isso muita cretinice de minha parte. Eu sou um filho da puta.

26 de ago. de 2011

Aquele do T.O.C.

Primeiro de tudo eu gostaria de dizer que eu definitivamente não tenho nenhum transtorno obsessivo compulsivo, embora já tenham tentado me convencer do contrário. Afinal, quem não tem neuras? Todo mundo tem neuras e inclusive, o título do blog é uma confissão e uma homenagem a isso. Mas eu não tenho. Repito. Eu não tenho TOC.

E daí que eu tenho um probleminha com bactérias? Mas isso é só com comida e com o que eventualmente passa perto da minha boca. Eu não consigo mesmo comer na rua, nessas cantinas podres e nojentas. Cachorro-quente, batata frita? Jamais. Esses lanches gordurosos de rua me dão asco e faz anos que eu não ingiro algo do tipo. Da última vez eu passei mal por três dias.

E daí que no banheiro de casa o papel higiênico PRECISA estar com o papel vindo de cima pra baixo e não de baixo pra cima e que eu mudo toda vez que minha mãe coloca da forma errada? É tão mais organizado e fácil da MINHA forma.

E daí que eu tenho mania de balançar partes do corpo sem parar? Algumas pessoas costumam reclamar como minha perna nunca parece ficar parada ou como às vezes eu sinto uma certa necessidade de ficar balançando que nem autista. Mas sou eu quem está balançando. E eu preciso balançar. Tenho uma tia assim. Está no meu sangue.

E daí que eu carrego álcool em gel sempre comigo na mochila e uso toda a vez que sinto minhas mãos meio sujas? E daí que eu não consigo comer sem lavar as mãos? Isso se chama higiene.

E ainda me disseram uma vez:

"Ah, porque o Alison COM CERTEZA tem TOC."

Mas nananão. Tudo isso são apenas algumas manias leves. Manias. E não distúrbios. Eu não tenho distúrbios.

20 de ago. de 2011

Aquele em que eu odeio água fria

Desde criança eu tenho problemas seríssimos com água fria. Podia fazer o calor que fosse, eu poderia estar fritando ovos na minha cabeça de tão quente, o inferno até poderia ter subido à Terra e eu continuaria a tomar banho com a água escaldante.

Alguns podem até achar que dezenove anos tomando banho de água quente todos os dias quer dizer que eu não esteja exatamente fazendo a minha contribuição prol natureza, mas eu tenho uma resposta muito bem preparada para isso: Água fria significa que eu vou ficar pelo menos uns dez minutos com o chuveiro aberto me preparando psicologicamente e fisicamente para me enfiar totalmente debaixo da ducha para daí sim começar de fato o processo de tomar banho, o que pode demorar de quinze a vinte minutos. E dez minutos de água corrente indo embora é algo que não pode proceder nos atuais dias. Portanto, com certeza anos gastando horrores de energia com água quente deve compensar essa perda desnecessária... ou pelo menos minha consciência ecofriendly prefere acreditar que sim.

O problema é na verdade depender da resistência dos chuveiros. Aliás, não sei exatamente se o problema é comigo ou com a qualidade dos chuveiros que andaram comprando aqui pra casa, porque eu tenho uma certa habilidade natural para queimá-los com frequência. Inclusive já consegui queimar três aparelhos num só mês. Mas o pior de tudo é o que acontece em seguida.

Até eu esperar papai resolver comprar um aparelho novo e ter o saco para instalá-lo, o que pode levar uns dois ou três dias, eu tenho que tomar certas medidas drásticas. E não tem nada mais deprimente para a vida de um ser humano sofisticado como eu do que ter que esperar água ferver na panela pra tomar banho de baldinho no chuveiro. De baldinho! Isso é tipo o símbolo da pobreza.

Mas é como eu disse. Prefiro me prestar a isso do que tomar banho de água gelada.

15 de ago. de 2011

Aquele da primeira visita à casa do namorado

Não tem nada mais constrangedor do que conhecer família de namorado. A primeira vez sempre é foda, em todos os sentidos. Você nunca sabe exatamente o que vai encontrar, você morre de vergonha, sua frio, não sabe o que falar, se atropela nas palavras o tempo todo, e se você já tem uma natureza tímida, meu bem, é o fim. Eu por exemplo acabo falando só bobagem. É uma vergonha só.

Eu lembro quando o processo aconteceu pela primeira (e única) vez. Eu acho que quando a família alheia sabe que tem um namorado vindo visitar eles já se preparam para a chegada fazendo uma reunião básica sobre quais aspectos eles vão encarnar e fazer piada dessa vez. É piadinha pra cá e piadinha pra lá que não acaba mais. Sabe os dementadores do universo Harry Potter? Aquelas criaturas negras, encapuzadas que se alimentam da felicidade dos outros? Então. Eu acho que a família do namorado se alimenta da sua vergonha.

Quando aconteceu comigo a família inteira estava lá. Mãe, irmão, primos, tia, avós, agregados, a porra toda. Tudo piadista, né. E por algum motivo eles fizeram a conversa centrar, da forma mais absurda, na minha escolha de calçado do dia. Um All Star vermelho de cano médio. No fim do dia meu apelido já tinha se consolidado: Ronald McDonald.

Mas quando a gente já está na merda, é incrível. Sempre tem um jeito de você se envergonhar ainda mais. A família estava novamente falando do meu All Star vermelho quando de repente:

"Qual o nome mesmo?" perguntou uma das tias.

"All Star." eu respondi.

"Ah, o seu nome é All Star?"

Eu juro. Eu escondi meu rosto atrás das minhas mãos.
Mas o que me alivia espiritualmente é que no dia que o namorado conheceu a minha mãe, a cara dele de pura vergonha e seu esforço de não dar nenhuma pinta foram impagáveis. Sorte dele que ainda não teve a chance de conhecer o sogrão. Porque aí sim será a minha vingança.

13 de ago. de 2011

Aquele da cor-de-rosa

Não sei por quê tem tanto gay que faz tanta questão de se afastar da cor rosa. Eu não. Na verdade eu adoro rosa. Tem caras que não gostam nem de usar camisa da cor por puro receio ou por não gostarem que a cor simbolize o nossa comunidade e blá. Sei lá, eu não consigo deixar de achar toda essa frescura uma das coisas mais bobas e engraçadas da comunidade gay.

Sabe, eu sou uma pessoa muito tímida. Ou pelo menos me considero uma, embora meus amigos discordem. Talvez seja o meu modo de vestir ou a minha falta de certos escrúpulos que causam essa impressão, não sei. O que acontece é que quando chega no assunto da minha liberdade de vestir, gostar e fazer certas coisas, eu não tenho exatamente um problema em demonstrá-las.

Eu adoro rosa. Adoro vestir rosa e ainda o faço andando de mãos dadas com o namorado no shopping centre. As pessoas olham e as pessoas comentam. Algumas vezes quando estou sozinho, inclusive, até já me chamaram de boiola no meio da rua, provavelmente por causa dos meus coletes e das minhas calças strech, mas eu simplesmente me recuso a ter receio de quem eu sou.

Alguns amigos meio que se preocupam com essa falta de vergonha que meu namorado e eu temos com relação ao nosso relacionamento. É claro que eu sei que corro o risco de sofrer um ataque homofóbico a qualquer momento, mas eu só acho que se continuarmos com medo de um gesto tão simples quanto andar de mãos dadas com a pessoa que a gente gosta, as pessoas vão demorar bem mais pra perceber que seus olhos não vão cair  cada vez que um casal homossexual passa pela sua frente. Há certos riscos que eu acho que valem a pena correr. E em adição parece que de alguma forma eu estou até contribuindo para a diminuição do preconceito.

Mas eu vou contar que até agora só aconteceram situações bem engraçadinhas:

"Olha, Fulana! Olha! Eles são namorados! Olha que fofo!"

E são por pequenas coisas como essa que eu continuo a não ter medo de dizer que cor-de-rosa é uma das minhas favoritas.

31 de jul. de 2011

Aquele do Zelda Day

Eu nunca tive um Nitendo 64 e eu nunca joguei Zelda, mas ontem, dia 30, aconteceu um tal de Zelda Day lá numa praça de Ipanema. Um daqueles eventos que reune um grupo de nerds que curtem as mesmas coisas. Então juntamos eu, @bubucouto e mais alguns amigos e fomos para o tal "evento" no único propósito de ver gente vestida de verde e encher a cara.

Eu não sei bem o motivo, mas quando junta Bruno e eu para chegar em algum evento, nunca conseguimos chegar na hora. Teve uma vez que decidimos ver o bloco da Preta Gil e enrolamos tanto em casa pra almoçar que quando conseguimos chegar na praia o bloco já tinha terminado. Não foi uma coisa ruim porque o dia rendeu à beça, mas isso já é história para outro post. Mas continuando, dessa vez então o atraso não foi culpa nossa. O transporte público do Rio de Janeiro estava conspirando contra nós. Ficamos a vida esperando uma droga de ônibus passar e o ônibus nem tchum.

"Quer pegar o metrô?" Bruno me perguntou.

"Quero".

E fomos. Subimos a passarela da Presidente Vargas e não deu outra. DOIS do nosso ônibus passam. Mas OK, ainda tinhamos o metrô, pensamos ingenuamente. Hah. Quando chegamos na entrada do metrô, estava fechado.

Enfim. Nós acabamos brotando lá duas horas atrasados, a parada já tinha até terminado e só tinha sobrado lá as pessoas bebendo e fazendo social. Resumindo: Chegamos na melhor parte.

Tiramos fotos com as estátuas de Ipanema, gravamos um vídeo de um coqueiro que girava, participamos de uma pesquisa... Não deu duas horas eu já estava girando de bêbado e resolvemos brincar no playground. Subi no balanço num pulo. Não deu cinco minutos e a corrente enferrujada do balanço arrebenta, eu caio de joelhos no chão, meu óculos voa e eu começo a pedir ajuda para encontrá-lo. Não enxergo sem eles. O que foi que nós fizemos? Fingimos que nada aconteceu e demos o fora de lá.

Dia digno.

23 de jul. de 2011

Aquele da tirinha #003

Acontecimento verídico

Agradecimentos especiais a C.
E piadinhas a parte porque no twitter já tem de montes.
E que a Amy Winehouse descanse em paz.

17 de jul. de 2011

Aquele do fim de Harry Potter

Ontem eu finalmente fui aos cinemas assistir ao bendito último filme da saga Harry Potter e desde então eu entrei num tipo de estado de crise existencial profunda. Quero dizer, o que vai ser da minha vida agora? Vou passar o resto dos meus dias aguardando o quê? O QUÊ? A sensação de não ter mais um livro/filme da saga para ficar na expectativa de ser lançado é muito estranha. Mas o que mais me consola estando nessa situação é saber que outras milhões de pessoas devem estar passando pela mesmíssima coisa neste exato momento, algumas com certeza bem piores do que eu definhando em lágrimas. Porque né, a gente sabe que esses neuróticos existem por aí.

Eu sempre fui MUITO fã de Harry Potter, sabe. E bom, embora o meu nível de viciado diminuiu com o tempo, eu tive a minha época de fã hardcore super alucinado. Eu passei por essa fase e não me arrependo de nada. Das horas da minha vida que perdi vendo os filmes repetidamente, lendo os livros trilhões de vezes, participando ativamente do mundo das fanfics, de fóruns, comunidades etc. Tudo valeu a pena, e eu fiz muitos amigos por causa de Harry Potter também. Amigos que guardo e cultivo até hoje.

E agora acabou, galere. Acabou. Foi-se e não terá retorno. Não que eu queira um retorno. Definitivamente eu não faço parte dessa gente que espera por um oitavo livro da Rowling ou coisa parecida. Acho que o universo de Potter já deu o que tinha que dar, porque porra, foi uma jornada muito longa. Muito longa. Eu devia ter uns dez anos quando comecei a ler os livros e eu peguei a febre bem no comecinho, mesmo. Foram anos de espera, anos de aguardo para saber o que de fato acontecia no final. E agora que acabou e a gente já sabe que fim deu a gente fica assim, meio sem saber o que fazer. Sem saber pra onde ir, pra que lado seguir. Pode ser bobo para gente que não é fanzão da saga ler isso. Eu acharia bobo. E digo mais, tenho a impressão que esse sentimento se agrava com gente como eu que cresceu com os livros, que passou desde a infância, puberdade e o início da vida adulta com a saga. Mas é exatamente dessa forma meio depressiva que a gente se sente. É aquela pergunta que bate: O que eu vou fazer agora da minha vida que Harry Potter acabou?

9 de jul. de 2011

Aquele do trem

Trem é uma coisa triste. O meio de transporte carioca em si é uma coisa muito triste. Mas o trem quebra recordes.

O que eu mais odeio no trem são as pessoas se matando pra pegar lugar. Parece um bando de animais se estapeando por uma coisa tão banal quanto um banco pra sentar. Eu particularmente não acho que há necessidade dessas medidas extremas, não. Até porque quando isso acontece, eu prefiro esperar toda a gentalha entrar, se estapear, se bater, se matar etc. Daí sim eu entro no vagão para encontrar algum canto para ficar. Porque veja bem, eu prefiro manter distância dessa gente desesperada, suada, que acabou de sair do trabalho, sem tomar banho há horas, fedendo a cecê a me meter com elas. E eu sou alérgico a cecê.

O pior é quando não te deixam sair do vagão quando você precisa. Outro dia eu tive que dar um empurrão numa senhora ENORME com toda a minha força para sair daquele inferno. Veio a multidão de fora querendo entrar, a multidão de dentro querendo sair. E a maldita senhora na minha frente tentando entrar no vagão como se sua vida dependesse daquilo. E não é que a filha da puta não deixava eu sair? Cadê aquela lei social dos vagões em que você ESPERA as pessoas saírem para você entrar em seguida? Fui praticamente obrigado a partir pra baixaria. Dei na gorda e a tirei do meu caminho.

Mas a criatividade companhia de trem ainda consegue nos surpreender mais do que os perrengues que passamos com as outras pessoas que pegam os trem com a gente. Uma coisa da Supervia que eu acho muito interessante é a propaganda contra os empata-portas. Pra quem não sabe, os empata-portas são aquelas pessoas super legais que acham engraçado colocar o corpo entre as portas do trem para que o carro não saia da estação. O slogan da propaganda é o seguinte:

"Não aceite o empata-porta,
ele não é um de nós."


E não é que eles REALMENTE colocaram uma espécie de ET como empata-portas na propaganda? Olha a cabecinha dele com a anteninha em forma de duchinha. Criatividade pura.

3 de jul. de 2011

Aquele da pornografia

Se tem uma coisa capaz de me fazer refletir sobre a vida individual do ser humano é a pornografia. Acho que a gente tende a acreditar que aquelas pessoas nos vídeos pornográficos só existem naquela situação, mas nãaaaao é bem assim. Aquelas mesmas pessoas que compram o pão de cada dia sendo objeto visual da luxúria do homem e são tão julgadas e mal interpretadas são pessoas comuns também. Elas tem família. Tem mãe, pai, e se bobear até alguns filhos. E se a gente for parar pra pensar, pode ser até engraçado tentar raciocinar sobre como exatamente acontece essa escolha de "carreira".

"Mamãe, quero ser ator pornô."

Pronto. Imagina só uma mãe ouvir uma coisa dessas do próprio filho. Do próprio filho! Do filho de suas entranhas. Sabe, a idéia da sua própria família poder entrar na internet e baixar um vídeo seu fazendo sexo deve ser perturbadora. Quer dizer, até a sua avó pode aprender a usar a tal da internet e te ver fazendo besteirinha. Já pensaram nisso? A sua avó! Como é que ambas as partes conseguem dormir de noite sabendo disso? Não consigo compreender bem a dinâmica. Às vezes eu gostaria de sentar com um ator pornô, sabe, e tomar uma ou duas xícaras de chá. Batendo um papinho sobre sua visão de vida.

2 de jul. de 2011

Aquele da inveja

Acho que maioria das pessoas veem a inveja como uma coisa legitimamente ruim. Eu não consigo pensar assim. Sabe aquela coisa de mentira boa e mentira ruim? Quando você mente por uma boa causa, para ajudar alguém ou seja lá o que for, é totalmente diferente de você mentir para enganar ou ferrar uma pessoa. É a mesma psicologia. Há aquela inveja inocente do "ah, bem que seria legal ter acontecido comigo" e há aquela coisa absurdamente invejosa que você sente vontade de matar e esganar a pessoa à facadas por ela ter se dado super bem e você continuar na mesma merda.

Todo mundo sente inveja, e não venha me dizer que não, porque a gente sempre acha que a grama do vizinho é mais verde do que a nossa. É que nem notícia boa vinda de conhecidos, familiares, e às vezes até amigos. Honestamente, eu consigo me sentir genuinamente feliz, do tipo de dar pulinhos de alegria quando um amigo vem e me conta algo de bom que aconteceu com ele. Sabe, quando o amigo ganhou uma promoção foda ou começou a namorar, ou vai casar. Mas eu só tenho a impressão que essas coisas só acontecem alheiamente. É sempre o amigo que ganha uma oferta de emprego, é sempre o amigo que tá pegando o gostoso da boate, ou que está noivo depois de um relacionamento que já vai faz dois anos. É como se fosse uma avalanche de notícia ruim. Não que eu me sinta cheio de ódio das coisas boas que acontecem com os outros, mas qual é, são exatamente essas notícias que acabam te lembrando que você AINDA tá desempregado, que você AINDA não sabe o que tá fazendo da sua vida e que você AINDA não tem um namorado.

É aquela época que você para e pensa: Tá todo mundo se dando bem e a minha vida continua o mesmo monte de bosta. Mas isso a gente tem que encarar com uma coisa boa. Uma inveja boa. Não é como se a gente quisesse que nossos amigos/conhecidos/familiares estivessem na merda também. A gente até fica feliz por eles. A gente fica. Mas bem que a vida poderia dar uma notícia legal para nós também, que já estamos cansados de receber na cara. Sabe, só pra variar

25 de jun. de 2011

12 de jun. de 2011

Aquele das sete razões para detestar o dia dos namorados

Não suporto dia dos namorados. E tenho sete razões para tal.

Primeiro: Lembro que eu não tenho um namorado com quem passar esse dia maldito. Segundo: Lembro que enquanto eu estou em casa blogando, lá fora há uma porção desses malditos casais felizes saindo pra comer, ir ao cinema, passear, fazer sexo etc, e daí me lembro que eu não posso fazer nada disso. Terceiro: Lembro da troca de presentes e de como eu não vou ganhar absolutamente nada. NADA. Diferente de uma quantidade absurda de gente feliz por aí, sem falar dos infelizes que TAMBÉM ganham presentes só por estarem num relacionamento também infeliz, e nem isso eu tenho. Quarto: Lembro de amigos igualmente solteiros que me chamaram para sair e fazer um programa qualquer, encher a cara ou ir para a balada num protesto contra o Doze de Junho numa afirmação de como todos nós somos pessoas super descoladas e orgulhosamente solteiras. E isso me deprime porque vamos combinar que isso é uma mentira deslavada. Quinto: Lembro que meus pais que se odeiam e que tem mais de vinte anos de casados até trocaram chocolate. Chocolate! E ninguém me deu um mísero bombom. E eu amo chocolate e isso me deprime. Sexto: Lembro que muita gente por aí pode até também não ter namorado, mas tem um rolo, um peguete, ou um caso, ou um amante, ou um sex buddy ou seja lá quais são as novas gírias que andam usando por aí para essa gente que libera tanta endorfina no corpo. Mas eu? Eu não, eu só tenho uma placa pendurada no meu pescoço escrito Solteiro. Solteiro com S maiúsculo. Sete: Lembro de como na minha vida inteira eu só tive um Dia dos Namorados acompanhado e de como foi legal sair, conversar, comer alguma coisa, ver um filme juntinho de alguém e receber um presente no final de um dia nacionalmente selecionado para toda essa baboseira. Tudo o que eu não estou fazendo na data comemorativa do ano seguinte.

E é por isso que eu detesto esse dia.
Dia para celebrar a união amorosa meu cu! Esse é o dia para te lembrar que você não tem ninguém emocionalmente ao seu lado e que você não tem feito nada muito próximo a sexo ultimamente.

8 de jun. de 2011

Aquele em que você perde o controle

Chega um momento em nossas vidas que durante o curso da carreira universitária, geralmente na primeira graduação, a gente perde o controle. Isso aconteceu comigo recentemente, uma coisa que eu chamo carinhosamente de A crise do quarto período. Ou para os íntimos, simplesmente A Crise.

Então A Crise por sua definição se trata daquele período que você não sabe exatamente o que está fazendo da sua vida. Pela minha experiência na universidade eu pude observar que esse período varia de pessoa pra pessoa. Tem gente que já chega surtada e tem gente que só surta no final da faculdade. Tive ciência de alguns casos de conhecidos que simplesmente tiveram um acesso histérico e largaram uma carreira acadêmica promissora na faculdade bem no final da mesma para começar tudo do zero numa nova área. Porém, geralmente A Crise acontece lá para o meio do curso, ou seja, no quarto período. Exatamente onde eu me encontro.

Esse semestre em especial tem sido muito difícil para mim. Por razões pessoais de auto-descoberta acabei chegando ao ponto de não aguentar mais me levantar cedo de manhã para enfrentar um trânsito do capeta. E tudo pra quê? Para não perder uma droga de uma aula que na verdade eu não ligava a mínima. Essa era a minha a situação. E tudo piorava quando eu olhava para os lados e via meus colegas, aqueles da turma de origem, se encontrando academicamente enquanto eu ficava na mesma, sem saber que linha seguir. Eu sempre costumei brincar naquelas apresentações de primeiro dia de aula, sabe, em que você se apresenta e fala um pouco sobre como você se vê na faculdade. No meu caso eu falava que eu era um perdido. E as pessoas riam, sabem, eu também ria, mas isso meio que começou a perder a graça ultimamente. E foi então que aconteceu.

Estava no meio do pátio do prédio. A mochila jogada nas costas e carregando um bolo de cópias de textos, livros e caderno, tudo nas mãos. Surtei. Joguei o estojo para um lado, os cadernos e textos pro outro e a mochila pro alto. E então eu comecei a gritar.

"NÃO AGUENTO MAIS ESSA FACULDADE. EU NÃO AGUENTO MAIS ESSA SITUAÇÃO."

Foi uma cena. Não, foi a cena dramática, foi o meu momento de brilhar e ter atenção. As pessoas paravam para me assistir enquanto eu desabafava meus sentimentos mais profundos para pessoas com quem eu nunca tinha falado nesses dois anos em que estive naquela faculdade. Teve uma menina, inclusive, que acredito ter se sensibilizado tanto com a minha história que veio falar comigo.

"Você está em qual período, no quarto?" ela me perguntou.

"Exatamente."

"Ah, é assim, mesmo. Eu passei pela mesma coisa. Daí eu abandonei, mas senti tanta falta que acabei voltando. Estou no sexto período agora. Você supera."

E eu supererei um pouco, sabem, mas o sentimento não mudou tanto assim. Mas enquanto eu conseguir levar eu vou levando. E isso porque eu estou apenas no graduação. Fico pensando nas pessoas que dão continuidade aos estudos enquanto eu ainda tenho meus ataques histéricos pra terminar o terceiro grau. Terceiro grau! Agora mestrado, doutorado... gente, pra quê? Doutorado pra quê? Uma professora minha no ensino médio, último ano, uma vez disse a nossa turma algumas palavras que eu nunca vou esquecer:

"Gente, vocês estão pensando que estudar dá futuro, é? Estudar não dá futuro, não! Corram enquanto ainda há tempo. Vejam o meu exemplo. Estudei tanto a vida inteira! Me matei de estudar e tudo isso pra quê? Pra estar aqui com vocês hoje, ganhando mal."

É, gente. Corram enquanto ainda há tempo!

2 de jun. de 2011

Aquele da tirinha #001


Ultimamente eu tenho estado numa fase muito Spice Girls, relembrando os melhores momentos do meu vício... Não que eu tenha parado de ouvir as músicas delas, de jeito nenhum. Mas semana passada eu me peguei assistindo àquele filme das meninas, o Spice World, que aliás, continua sendo uma das coisas mais trash que eu já vi na vida (Aliás, se você foi fã das Spice Girls, você TEM que ver esse filme por mais ruim que ele seja... para se ter uma idéia, até os aliens são fãs das Spice).

Enfim. Não adianta vir gente falar pra mim que eu ouço música careca de velha e de bem antes antes de eu nascer. Eu escuto Ray Charles sim, eu escuto Barbra Streisand sim, e até trilha sonora de musicais do começo do século passado. Mas Spice Girls é diferente. Porque peraí, né. Spice Girls é ATEMPORAL.

31 de mai. de 2011

Aquele da super autoestima

Eu vou falar que eu não entendo essas pessoas que precisam se auto-afirmar. Pode ser com relação ao trabalho, pode ser estudos, pode ser sexo, pode ser qualquer coisa. Eu não entendo. Deve ser por eu me ver como essa pessoa tão humilde e modesta que sou, não sei. Mas esse tipo de coisa me faz pensar sobre como, na verdade, alguns certos comentários que ouvimos por aí simplesmente não procedem. Sabe, ás vezes não tem como a pessoa saber se está, de fato, falando uma baboseira ou algo preciso. Sabe aqueles caras metido a pegador que se vangloriam até a morte pelos seus pênis imensos e sobre como eles conseguem fazer subir pelas paredes as loucas que aceitam ir para a cama com ele? Então.

Pois outro dia estávamos na faculdade conversando sobre os mistérios do orgasmo feminino. Eu ainda era calouro na época, dezessete anos e se me lembro bem, estávamos num grupo de quatro. Três caras e uma menina. E daí um deles soltou a seguinte pérola:

"Ah, mas nem é tão difícil dar prazer para uma mulher até ela chegar ao orgasmo."

E dois anos após ter ouvido esse mesmo comentário, eu ainda fico pensando sobre ele. Quero dizer, um pós-adolescente (porque a personalidade devia ter uns vinte anos na época, acredito) cuspir um comentário desses como o bom entendedor do sexo para as mulheres? É hilário! A não ser que algo de realmente extraordinário tenha acontecido e ele tenha sido agraciado (agraciado?) com uma vagina por um dia. O que eu duvido.

E é isso o que eu tenho que ouvir no meu dia a dia. Sobre como meus amigos acham que são os reis do sexo ou que fazem os melhores boquetes ou que beijam muito bem. Pessoalmente eu não acho que eu beije lá muito bem, não. Até porque eu nem beijei tantas pessoas assim na vida. E sinceramente? Já tive um ou dois reclamando do meu beijo e também já tive alguns elogios bem interessantes, o que me levou a conclusão que na verdade esse tipo de coisa tem mais a ver com química do que com uma "qualidade". Mas sabe que quando esse aflorar de super autoestima acontece eu geralmente prefiro ficar calado?

"Ah, porque o meu beijo é MUITO gostoso." me disseram uma vez.

"Ah, é mesmo?" eu perguntei em resposta. E acredito ter acentuado a pergunta com um leve tom de deboche, mas isso acontece tanto que chega a ser natural e eu não controlo. Geralmente as pessoas não veem isso com bons olhos...

"Por que? Tá duvidando? Você já me beijou por acaso?"

E daí eu penso. Não, eu não beijei. Mas... a pessoa também não se beijou para ter tanta certeza assim.
Não é mesmo?
São coisas que me fazem refletir.

16 de mai. de 2011

Aquele em que eu falo sozinho

Eu parto da premissa de que todo mundo tem o hábito de conversar sozinho. Porque sabe, às vezes você tem aquela necessidade de bater um lero com os próprios botões para tentar processar as idéias. Eu faço isso o tempo todo. No ônibus, no banheiro, no fogão, antes de dormir... é uma coisa natural. Mas por alguma razão que eu desconheço, quando alguém me pega no flagrante a pessoa sempre pensa que eu estou ficando maluco.

Na verdade, até quando eu estou falando com outro ser vivo acontece isso. Outro dia eu estava assistindo a um filme na TV da sala (se me lembro bem, estava assistindo a Three Faces of Eve, que aliás, é muito bom e eu recomendo) enquanto meu primo-pseudo-irmão-mais-novo se arrumava para ir para o curso de inglês. A nossa cachorra estava deitada bem ao meu lado no sofá e nem ao menos dois minutos após meu primo se retirar de casa havia se passado quando eu senti um cheiro bem desagradável no ar.

"Alguém peidou" eu pensei, "E não fui eu".

E é claro que eu coloquei a culpa na cachorra.

"Minnie, sua cachorra porca! Você peidou? Pode falar pra mim, você peidou?!"

Neste exato momento meu primo abre a porta da sala.

"Alison. Você está falando sozinho?" ele perguntou.

Naturalmente, eu respondi "Não, eu estou falando com a cachorra".

E sabe quando alguém te dá aquele olhar de 'É, como se isso fosse menos absurdo'? Pois é, foi exatamente o que eu senti. Meu primo nem se preocupou em fazer outro comentário, ele fechou a porta na minha cara e foi embora.

4 de mai. de 2011

Aquele da neurose alheia

Eu me surpreendendo com a loucura dos outros. Eu costumo pensar que as minhas manias são tão insuperáveis e os transtornos obsessivos que me cercam tão extremos ao ponto de não me deixarem ter uma vida normal. Mas eu começor a relevar esse sentimento e mudar profundamente o meu conceito sobre minhas peculiaridades quando eu encontro alguém mais neurótico do que eu. Mas é o que dizem, né? Sempre tem alguém pior que você.

Sabe, lá na faculdade de Letras ultimamente a gente tem percebido um aumento significante no número de insetos. Principalmente mariposas e mosquitos. Porque tá na época, né. Então mais de uma vez acontece um daqueles episódios bobinhos em que entra um bicho voador na sala de aula e todo mundo fica eriçadinho tentando fazer o bicho sair de perto. Daí interrompe a aula, começa murmúrio, as pessoas choram etc. Mas hoje eu reparei o que o medo provoca nas pessoas. Na minha turma de história da língua tem uma garota que tem pavor de bichos e toda a vez que entra um ela sai correndo da sala. Outro dia mesmo eu notei um alvoroço numa sala de aula em que os alunos literalmente saíram correndo para fora, e quem era a líder da balbúrdia? A mesma menina. E quando eu fui passar perto para saber o que diabos estava acontecendo, era um marimbondo que tinha entrado na sala.

Mas enfim, geralmente nessas aulas de história da língua sempre aparece algum bicho (acho que é foco) e hoje eu e minhas amigas (assim como a turma inteira) notamos algo interessante sobre a garota. Ela chegou ao extremo de se incomodar TANTO com as aparições repentinas de bichos voadores que ela literalmente levou um mata-insetos e o deixou descansando sobre a mesa para quem sabe, a necessidade de usá-lo se torne aplicável alguma hora. Eu só fico imaginando como seria o cenário de uma sala de aula parando suas atividades normais para que uma louca pudesse correr atrás de um coitado de um inseto para envenená-lo até a morte.
Seria engraçado.

3 de mai. de 2011

Aquele defeito que você convive

Há muito do que eu tenho que aguentar com relação a amigos. Briguinhas bobas, estupidez, brincadeiras chatas que acabam virando algo desconfortável... Mas sabe o que mais me irrita de tudo? Essa necessidade das pessoas de sempre precisarem estar num nível acima do que os outros. Eu fico me perguntando como as pessoas se comunicam e aprendem. E olha que eu juro que eu faço o meu melhor porque eu me acho uma pessoa super do bem.

Essa história de querer ficar rebaixando os outros não é nada legal. Tanto é que quando eu não me sinto desconfortável num meio eu simplesmente me afasto. Isso acontecia mais antigamente do que agora, porque antigamente eu não tinha muita paciência e o ser humano às vezes chega a um ponto que me cansa. Hoje em dia não, acho que a faculdade me obrigou a aprender a lidar com os diferentes tipos de personalidades. O problema é quando o afastamento não procede. Não de uma forma ruim, mas pelo hábito. Tem muita gente por aí que diz o contrário, mas eu vou falar uma coisa que a maioria não concorda: A gente não escolhe os amigos. Os amigos acontecem. Isso podendo se dar de uma forma boa, e de uma forma ruim também. Às vezes você consegue fugir, às vezes não. Às vezes você suporta. Às vezes você cria vínculos.

É lógico que com o tempo você vai percebendo que aquele seu amigo às vezes (ou frequentemente) te deixa louco e à beira da insanidade. Porque né, todo mundo tem defeitos. Eu tenho amigos com defeitos gritantes que me fazem querer arrancar os cabelos, mas a amizade chega ao ponto de você aceitar toda aquela maluquice e ver tudo aquilo com outros olhos porque aquele seu amigo não é o mesmo sem todos aqueles defeitos. Mas a única coisa que de fato me dá nos nervos é a estupidez na relação nas coisinhas bobas. "Porque eu moro melhor que você", "porque eu me visto melhor que você", "porque eu sou mais inteligente que você", "porque o meu sobrenome é melhor que o seu" etc. E tudo como se fosse algo realmente relevante.

Eu acho que há coisas mais importantes para se preocupar. Mas o que a gente pode fazer? A gente pode mandar tomarem todos no meio no cu e geralmente é o que eu faço. E não por acontecer comigo, o que também procede, mas quando acontece com outros dois amigos. Mas algo muito íntimo me impressionou enquanto eu pensava sobre isso. Seu melhor amigo pode pensar da maneira mais diferente possível que você e ter as atitudes mais impensáveis pra você, mas você ainda ama aquele idiota.

Me pergunto se o amor também é assim.

17 de abr. de 2011

Aquele da crise alérgica no shopping center

Ontem fui comer com a @_Chambs e a @vceron no nosso restaurante favorito, o SushiYa, lá no Norte Shopping e eu tive a grande idéia de comer camarão. Sendo que eu sou alérgico. E só para constar, eu amo camarão. Sabe, eu fui uma criança feliz em que batia palmas e dava saltinhos toda a vez em que a mamãe fazia camarão para comer. Eu realmente amo camarão, mas lá para os últimos quatro ou cinco anos eu acabei desenvolvendo uma... bem, alergia. Então como nada de realmente grave além de uma simples sensação de pressão na garganta havia acontecido antes eu nunca tive um real problema ou uma crise de verdade. De fato, eu sempre me entupia de camarão todas as vezes que tinha a chance.

Pois bem. Então nós estávamos almoçando e minha amiga pede um yakisoba de camarão. E sabem aquela famooosa frase "Ah, só unzinho não faz mal"? Pois é. Comi um camarão MINÚSCULO. Podem perguntar para as duas pelo twitter, elas afirmarão. Uma porrinha de camarão foi o que eu comi, e essa alergia filha da puta ainda me fez aguardar cerca de uma hora e meia para se manifestar pela primeira vez, e ainda em público. Primeiro veio aquela coceira do demonho pelo corpo inteiro, depois as veias salientes, depois o inchaço no rosto, o corpo todo vermelho e empolado e quando percebemos que a coisa estava ficando preta, fomos direto para a farmácia comprar um remédio que nós nem sabíamos qual era, porque afinal, eu nunca tinha procurado um médico sobre isso e nunca tinha tido uma crise de verdade. Ligamos pra mãe da @_Chambs que é enfermeira, e ligamos pro meu pai para me buscar e quando eu percebi, não conseguia mais escutar as pessoas direito nem enxergá-las. E então o desespero começou.

Foi tontura, foi sensação de vômito, foi ficar cambaleando quando tentava me manter em pé. Não demorou muito e os seguranças já estavam lá, uma bombeira tinha aparecido sabe-se lá de onde e quando eu percebi estava sendo levado para o centro médico de cadeira de rodas. DE CADEIRA DE RODAS. Acho que foi o ápice do dia em que eu parei pra pensar e me senti a Paola Bracho sendo levado por um cara imenso e um mooooooonte de gente olhando pra mim. É.

Enfim. Depois disso eu já não lembro de muita coisa. Ao chegar no centro médico o médico responsável (que era lindo, gostoso e sensual, aliás) perguntou o que havia acontecido, eu contei, e o resto fui eu deitado na cama tremendo HORRORES. Sério, meu braço está doendo pra caramba até agora porque meu corpo não conseguia ficar sem tremer por um segundo e a enfermeira lá, coitada, tentando enfiar uma agulha em mim pra injetar o soro... O que depois eu descobri que não foi só soro. Devem ter me dopado porque eu não lembro de mais nada do que aconteceu. Tenho umas breves "imagens" dos meus pais e das meninas conversando com eles na sala de emergência e de me levantar para ir pra casa. Eu não lembro de ter andado pelo shopping até o carro, nem da viagem, nem de chegar em casa, nem nada. Minha mãe disse que eu cheguei, fui ao banheiro pela trocentésima vez e meti a cara no travesseiro, mas nem disso eu lembro.

E foi isso. Depois desse fatídico episódio eu aprendi que, mesmo a medida sendo pouca, ela ainda pode me matar.
Aliás, acho até melhor eu arrumar um alergista...


P.S.: Obrigado meninas por não darem um freak out e ficarem lá comigo até meus pais chegarem, porque né. E desculpem o transtorno.

12 de abr. de 2011

Somos todos neuróticos

Então pra resumir todo mundo é maluco. Nãaaaao adianta vir com essa historinha fiada de que "ai, eu sou normal, nhenhenhe", porque você não é, não. Ninguém bate completamente bem da cabeça. Isso não acontece.

Tudo começa na infância. E sabe, eu fui uma criança complexada. Filho único, pais superprotetores, orientação sexual duvidosa desde pequeno, o que gerava certos desejos reprimidos. Essas coisas. E eu tive uma infância muito triste e reprimida. Minha frustração infantil foi nunca ter podido ter uma Polly Pocket, sabe? Aquela boneca loira cheia de apetrechos? Então, quer dizer, o estágio inicial da minha vida já começou com sérios atritos e traumas irreparáveis e o que isso significa? Eu acabei crescendo achando que eu era anormal. Tudo bem que na maioria das vezes eram as pessoas que diziam isso (minha mãe ainda diz, aliás) e eu sinceramente posso dizer hoje que acabei me acostumando com o rótulo, mas depois de um tempo eu percebi que todo mundo sempre tem um parafuzinho meio solto. Todo mundo é neurótico e não adianta contrariar. Uma professora minha da faculdade vive dizendo isso. A neurose é apenas o estágio número 1 da loucura, é o estágio inicial. Quando ultrapassa isso é que a gente deve começar a se preocupar.

Não sei se eu passei do primeiro estágio, não. Tenho minhas dúvidas. Talvez eu prefira achar que não porque eu costumo lidar com a loucura de uma forma muito tranquila. Enquanto todo mundo por aí faz tanta questão de falar que é uma pessoa normal, eu já digo que comigo não é bem assim. Normal é chato, gente. Chato.

Posso ser neurótico, amargurado, reprimido sexualmente, o que for. Mas to vivendo. To levando. To feliz.