8 de jun. de 2011

Aquele em que você perde o controle

Chega um momento em nossas vidas que durante o curso da carreira universitária, geralmente na primeira graduação, a gente perde o controle. Isso aconteceu comigo recentemente, uma coisa que eu chamo carinhosamente de A crise do quarto período. Ou para os íntimos, simplesmente A Crise.

Então A Crise por sua definição se trata daquele período que você não sabe exatamente o que está fazendo da sua vida. Pela minha experiência na universidade eu pude observar que esse período varia de pessoa pra pessoa. Tem gente que já chega surtada e tem gente que só surta no final da faculdade. Tive ciência de alguns casos de conhecidos que simplesmente tiveram um acesso histérico e largaram uma carreira acadêmica promissora na faculdade bem no final da mesma para começar tudo do zero numa nova área. Porém, geralmente A Crise acontece lá para o meio do curso, ou seja, no quarto período. Exatamente onde eu me encontro.

Esse semestre em especial tem sido muito difícil para mim. Por razões pessoais de auto-descoberta acabei chegando ao ponto de não aguentar mais me levantar cedo de manhã para enfrentar um trânsito do capeta. E tudo pra quê? Para não perder uma droga de uma aula que na verdade eu não ligava a mínima. Essa era a minha a situação. E tudo piorava quando eu olhava para os lados e via meus colegas, aqueles da turma de origem, se encontrando academicamente enquanto eu ficava na mesma, sem saber que linha seguir. Eu sempre costumei brincar naquelas apresentações de primeiro dia de aula, sabe, em que você se apresenta e fala um pouco sobre como você se vê na faculdade. No meu caso eu falava que eu era um perdido. E as pessoas riam, sabem, eu também ria, mas isso meio que começou a perder a graça ultimamente. E foi então que aconteceu.

Estava no meio do pátio do prédio. A mochila jogada nas costas e carregando um bolo de cópias de textos, livros e caderno, tudo nas mãos. Surtei. Joguei o estojo para um lado, os cadernos e textos pro outro e a mochila pro alto. E então eu comecei a gritar.

"NÃO AGUENTO MAIS ESSA FACULDADE. EU NÃO AGUENTO MAIS ESSA SITUAÇÃO."

Foi uma cena. Não, foi a cena dramática, foi o meu momento de brilhar e ter atenção. As pessoas paravam para me assistir enquanto eu desabafava meus sentimentos mais profundos para pessoas com quem eu nunca tinha falado nesses dois anos em que estive naquela faculdade. Teve uma menina, inclusive, que acredito ter se sensibilizado tanto com a minha história que veio falar comigo.

"Você está em qual período, no quarto?" ela me perguntou.

"Exatamente."

"Ah, é assim, mesmo. Eu passei pela mesma coisa. Daí eu abandonei, mas senti tanta falta que acabei voltando. Estou no sexto período agora. Você supera."

E eu supererei um pouco, sabem, mas o sentimento não mudou tanto assim. Mas enquanto eu conseguir levar eu vou levando. E isso porque eu estou apenas no graduação. Fico pensando nas pessoas que dão continuidade aos estudos enquanto eu ainda tenho meus ataques histéricos pra terminar o terceiro grau. Terceiro grau! Agora mestrado, doutorado... gente, pra quê? Doutorado pra quê? Uma professora minha no ensino médio, último ano, uma vez disse a nossa turma algumas palavras que eu nunca vou esquecer:

"Gente, vocês estão pensando que estudar dá futuro, é? Estudar não dá futuro, não! Corram enquanto ainda há tempo. Vejam o meu exemplo. Estudei tanto a vida inteira! Me matei de estudar e tudo isso pra quê? Pra estar aqui com vocês hoje, ganhando mal."

É, gente. Corram enquanto ainda há tempo!

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