Eu gosto bastante de música, mas a verdade é que eu não tenho o costume de frequentar show de barzinho, então eu cheguei lá esperando por qualquer coisa. Qualquer coisa. O frontman da banda, Gabriel Crossi, podia mandar tocarem um heavy metal pesadíssimo e começar a acompanhar a melodia com a gaita, balançando a cabeça pra frente e para trás num ângulo de quarenta e cinco graus que eu nem iria estranhar.
Eu bem consegui apreciar o trabalho e o talento dos compositores, eles eram muito bons, nem discuto isso. Realmente me envolveram com a melodia da primeira música. Mas vou falar que depois da terceira música eu já estava achando que tinha alguma coisa de errada com os meus ouvidos porque pra mim a melodia continuava a mesma.
Dei graças a Zeus que tinha escolhido me sentar numa mesa próxima à parede. No meio de duas horas de show eu já estava com a cabeça recostada repondo sono atrasado. Talvez seja até por isso que no final da apresentação um dos produtores veio me perguntar o que eu tinha achado. Até receei um pouco quando fui dar a resposta.
Mas o diálogo foi mais ou menos assim:
"E aí, gostou?", ele perguntou.
"Não."