24 de nov. de 2012

Aquele do show de barzinho

Ontem eu fui dar uma olhada brevíssima no 50º Festival Vila-Lobos num barzinho do centro do Rio, onde no dia aconteceu uma reunião de músicos para uma apresentação instrumental com gaita, teclado, bateria e saxofone.

Eu gosto bastante de música, mas a verdade é que eu não tenho o costume de frequentar show de barzinho, então eu cheguei lá esperando por qualquer coisa. Qualquer coisa. O frontman da banda, Gabriel Crossi, podia mandar tocarem um heavy metal pesadíssimo e começar a acompanhar a melodia com a gaita, balançando a cabeça pra frente e para trás num ângulo de quarenta e cinco graus que eu nem iria estranhar. E talvez acho que assim eu me surpreenderia mais.

Eu bem consegui apreciar o trabalho e o talento dos compositores, eles eram muito bons, nem discuto isso. Realmente me envolveram com a melodia da primeira música. Mas vou falar que depois da terceira música eu já estava achando que tinha alguma coisa de errada com os meus ouvidos porque pra mim a melodia continuava a mesma.

Dei graças a Zeus que tinha escolhido me sentar numa mesa próxima à parede. No meio de duas horas de show eu já estava com a cabeça recostada repondo sono atrasado. Talvez seja até por isso que no final da apresentação um dos produtores veio me perguntar o que eu tinha achado. Até receei um pouco quando fui dar a resposta.

Mas o diálogo foi mais ou menos assim:

"E aí, gostou?", ele perguntou.

"Não."

23 de nov. de 2012

Aquele do alívio

Eu estava lá, cuidando da minha própria vida, prestes a sair da estação de metrô quando um negão enorme com o dobro do meu tamanho cruzou o meu caminho.

"E aí, você topa tudo?", ele perguntou.

Não que eu tope tudo, porque a verdade é que ninguém realmente topa tudo, mas história vai, história vem e quando eu me dei conta eu já estava dentro de um quarto de hotel com um negão que não se assemelhava nem um pouco com o meu namorado.

"Você tem camisinha?", perguntei.

"Tenho."

Acho que todo mundo que está ou esteve num relacionamento sério pensa ou já pensou naquela possibilidade de traição. Eu sempre acreditei que a minha estivesse numa relação de uma por um milhão, mas pelo menos eu usei camisinha. Eu podia até estar certo sobre essa questão da probabilidade, eu só tive a má sorte dela cruzar o meu caminho.

E a convivência com a culpa? Conto ou não conto? Eu não sei como as outras pessoas conseguem, mas conviver com a culpa é uma coisa com a qual eu definitivamente não sei lidar. Se você não quer pagar a pena, não cometa o crime. Não é isso que dizem?

Não tem como eu descrever o alívio que eu senti quando eu acordei daquele pesadelo e não precisei mais tomar a decisão. Meio que me faz pensar que a probabilidade caiu para zero. Se em sonho a situação era tão angustiante, imagina em carne e osso?

11 de nov. de 2012

Aquele em que meus pais brigam

Fui até a cozinha pegar uma maçã na geladeira e não demorou muito até eles começarem:

"MULHER, JÁ FALEI PRA VOCÊ TIRAR O FIO DO CELULAR DA TOMADA SEM PUXAR!"

"EU TIRO DO JEITO QUE EU QUISER, O CELULAR É MEU!"

"E QUANDO ESTRAGAR QUEM É QUE VAI PAGAR?"

"EU QUE VOU PAGAR!"

"HAHAHA VOCÊ VAI PAGAR? COM O DINHEIRO DE QUEM?"

"COM O MEU DINHEIRO! VOCÊ ACHA O QUÊ? QUE EU TRABALHO PRA VOCÊ DE GRAÇA? QUE EU DEIXO A CASA LIMPA, FAÇO COMIDA TODO DIA, DOU UMA FODIDINHA COM VOCÊ, SÓ DE VEZ EM QUANDO NÉ, TUDO DE GRAÇA?"

"Com licença" eu disse, e me retirei.

Eu sou daqueles que acredita que eu não sou obrigado a saber que meus pais ainda fazem sexo. O mundo seria um lugar melhor de se viver se todos os pais se esforçassem para fazer os filhos acreditarem que eles fizeram sexo somente e exclusivamente para concebê-los.

É o que eu acho.

10 de nov. de 2012

Aquele em que o serviço da Oi não presta

Meu namorado (o culpado) tentou me arrastar para a última parada gay de Madureira, que aconteceu nesse último final de semana, e como consequência da minha catastrófica decisão de aceitar ser arrastado eu tive o meu celular roubado por um desses mãos-leves que enfiam a mão no seu bolso sem você sentir e levam qualquer coisa que esteja enfiada dentro.

Não vou contar os detalhes da história porque uma pessoa bêbada que acabou de perder um celular que absolutamente adorava, no meio da parada gay, não é uma coisa nada bonita. Eu só vou dizer que, como qualquer outra pessoa normal, liguei para a minha operadora, no caso a Oi, pedindo para que bloqueassem meu número, de forma que eu conseguisse resgatá-lo posteriormente.

Não só a Oi erroneamente cancelou a minha conta como ficou me enrolando por UMA semana me mandando ir de loja em loja para tentar resolver um problema que, no fim, eu descobri ser impossível de resolver.

A verdade é que ninguém que trabalha na Oi sabe resolver alguma coisa. E eu vou dizer o por quê. Na primeira loja que eu fui me disseram:

"Esse número não está no seu nome, senhor. Para resolver esse problema só ligando para o atendimento da Oi."

Eu liguei.

"O senhor ainda pode recuperar o número, mas tem que ir numa loja da Oi para conseguir o chip e o número no seu nome."

Eu fui em outra loja.

"Ah, a gente não resolve isso aqui, não. Você tem que ir numa das lojas da 'Oi Atende'. Aqui é loja normal."

OK, eu fui numa maldita Oi Atende.

"Acho complicado resgatar o seu número, senhor, mas você pode tentar ir na loja fixa da Oi, talvez lá eles possam te ajudar..."

Minha reação:


ARE YOU KIDDING ME?


Estão entendendo a situação? A minha vontade era de mandar a última atendente com quem falei, aquela vagabunda, pro inferno, e mandar ela levar junto aquele megahair medonho dela. É nessas horas que é uma pena ter educação porque, olha, vontade não me faltou de rodar a baiana e descer o cacete em alguém.

Mas uma coisa eu digo. Eu nunca mais PISO numa parada gay.

Ou talvez a coisa mais sábia a se fazer seria não pisar mais é em Madureira.