26 de ago. de 2011

Aquele do T.O.C.

Primeiro de tudo eu gostaria de dizer que eu definitivamente não tenho nenhum transtorno obsessivo compulsivo, embora já tenham tentado me convencer do contrário. Afinal, quem não tem neuras? Todo mundo tem neuras e inclusive, o título do blog é uma confissão e uma homenagem a isso. Mas eu não tenho. Repito. Eu não tenho TOC.

E daí que eu tenho um probleminha com bactérias? Mas isso é só com comida e com o que eventualmente passa perto da minha boca. Eu não consigo mesmo comer na rua, nessas cantinas podres e nojentas. Cachorro-quente, batata frita? Jamais. Esses lanches gordurosos de rua me dão asco e faz anos que eu não ingiro algo do tipo. Da última vez eu passei mal por três dias.

E daí que no banheiro de casa o papel higiênico PRECISA estar com o papel vindo de cima pra baixo e não de baixo pra cima e que eu mudo toda vez que minha mãe coloca da forma errada? É tão mais organizado e fácil da MINHA forma.

E daí que eu tenho mania de balançar partes do corpo sem parar? Algumas pessoas costumam reclamar como minha perna nunca parece ficar parada ou como às vezes eu sinto uma certa necessidade de ficar balançando que nem autista. Mas sou eu quem está balançando. E eu preciso balançar. Tenho uma tia assim. Está no meu sangue.

E daí que eu carrego álcool em gel sempre comigo na mochila e uso toda a vez que sinto minhas mãos meio sujas? E daí que eu não consigo comer sem lavar as mãos? Isso se chama higiene.

E ainda me disseram uma vez:

"Ah, porque o Alison COM CERTEZA tem TOC."

Mas nananão. Tudo isso são apenas algumas manias leves. Manias. E não distúrbios. Eu não tenho distúrbios.

20 de ago. de 2011

Aquele em que eu odeio água fria

Desde criança eu tenho problemas seríssimos com água fria. Podia fazer o calor que fosse, eu poderia estar fritando ovos na minha cabeça de tão quente, o inferno até poderia ter subido à Terra e eu continuaria a tomar banho com a água escaldante.

Alguns podem até achar que dezenove anos tomando banho de água quente todos os dias quer dizer que eu não esteja exatamente fazendo a minha contribuição prol natureza, mas eu tenho uma resposta muito bem preparada para isso: Água fria significa que eu vou ficar pelo menos uns dez minutos com o chuveiro aberto me preparando psicologicamente e fisicamente para me enfiar totalmente debaixo da ducha para daí sim começar de fato o processo de tomar banho, o que pode demorar de quinze a vinte minutos. E dez minutos de água corrente indo embora é algo que não pode proceder nos atuais dias. Portanto, com certeza anos gastando horrores de energia com água quente deve compensar essa perda desnecessária... ou pelo menos minha consciência ecofriendly prefere acreditar que sim.

O problema é na verdade depender da resistência dos chuveiros. Aliás, não sei exatamente se o problema é comigo ou com a qualidade dos chuveiros que andaram comprando aqui pra casa, porque eu tenho uma certa habilidade natural para queimá-los com frequência. Inclusive já consegui queimar três aparelhos num só mês. Mas o pior de tudo é o que acontece em seguida.

Até eu esperar papai resolver comprar um aparelho novo e ter o saco para instalá-lo, o que pode levar uns dois ou três dias, eu tenho que tomar certas medidas drásticas. E não tem nada mais deprimente para a vida de um ser humano sofisticado como eu do que ter que esperar água ferver na panela pra tomar banho de baldinho no chuveiro. De baldinho! Isso é tipo o símbolo da pobreza.

Mas é como eu disse. Prefiro me prestar a isso do que tomar banho de água gelada.

15 de ago. de 2011

Aquele da primeira visita à casa do namorado

Não tem nada mais constrangedor do que conhecer família de namorado. A primeira vez sempre é foda, em todos os sentidos. Você nunca sabe exatamente o que vai encontrar, você morre de vergonha, sua frio, não sabe o que falar, se atropela nas palavras o tempo todo, e se você já tem uma natureza tímida, meu bem, é o fim. Eu por exemplo acabo falando só bobagem. É uma vergonha só.

Eu lembro quando o processo aconteceu pela primeira (e única) vez. Eu acho que quando a família alheia sabe que tem um namorado vindo visitar eles já se preparam para a chegada fazendo uma reunião básica sobre quais aspectos eles vão encarnar e fazer piada dessa vez. É piadinha pra cá e piadinha pra lá que não acaba mais. Sabe os dementadores do universo Harry Potter? Aquelas criaturas negras, encapuzadas que se alimentam da felicidade dos outros? Então. Eu acho que a família do namorado se alimenta da sua vergonha.

Quando aconteceu comigo a família inteira estava lá. Mãe, irmão, primos, tia, avós, agregados, a porra toda. Tudo piadista, né. E por algum motivo eles fizeram a conversa centrar, da forma mais absurda, na minha escolha de calçado do dia. Um All Star vermelho de cano médio. No fim do dia meu apelido já tinha se consolidado: Ronald McDonald.

Mas quando a gente já está na merda, é incrível. Sempre tem um jeito de você se envergonhar ainda mais. A família estava novamente falando do meu All Star vermelho quando de repente:

"Qual o nome mesmo?" perguntou uma das tias.

"All Star." eu respondi.

"Ah, o seu nome é All Star?"

Eu juro. Eu escondi meu rosto atrás das minhas mãos.
Mas o que me alivia espiritualmente é que no dia que o namorado conheceu a minha mãe, a cara dele de pura vergonha e seu esforço de não dar nenhuma pinta foram impagáveis. Sorte dele que ainda não teve a chance de conhecer o sogrão. Porque aí sim será a minha vingança.

13 de ago. de 2011

Aquele da cor-de-rosa

Não sei por quê tem tanto gay que faz tanta questão de se afastar da cor rosa. Eu não. Na verdade eu adoro rosa. Tem caras que não gostam nem de usar camisa da cor por puro receio ou por não gostarem que a cor simbolize o nossa comunidade e blá. Sei lá, eu não consigo deixar de achar toda essa frescura uma das coisas mais bobas e engraçadas da comunidade gay.

Sabe, eu sou uma pessoa muito tímida. Ou pelo menos me considero uma, embora meus amigos discordem. Talvez seja o meu modo de vestir ou a minha falta de certos escrúpulos que causam essa impressão, não sei. O que acontece é que quando chega no assunto da minha liberdade de vestir, gostar e fazer certas coisas, eu não tenho exatamente um problema em demonstrá-las.

Eu adoro rosa. Adoro vestir rosa e ainda o faço andando de mãos dadas com o namorado no shopping centre. As pessoas olham e as pessoas comentam. Algumas vezes quando estou sozinho, inclusive, até já me chamaram de boiola no meio da rua, provavelmente por causa dos meus coletes e das minhas calças strech, mas eu simplesmente me recuso a ter receio de quem eu sou.

Alguns amigos meio que se preocupam com essa falta de vergonha que meu namorado e eu temos com relação ao nosso relacionamento. É claro que eu sei que corro o risco de sofrer um ataque homofóbico a qualquer momento, mas eu só acho que se continuarmos com medo de um gesto tão simples quanto andar de mãos dadas com a pessoa que a gente gosta, as pessoas vão demorar bem mais pra perceber que seus olhos não vão cair  cada vez que um casal homossexual passa pela sua frente. Há certos riscos que eu acho que valem a pena correr. E em adição parece que de alguma forma eu estou até contribuindo para a diminuição do preconceito.

Mas eu vou contar que até agora só aconteceram situações bem engraçadinhas:

"Olha, Fulana! Olha! Eles são namorados! Olha que fofo!"

E são por pequenas coisas como essa que eu continuo a não ter medo de dizer que cor-de-rosa é uma das minhas favoritas.