24 de abr. de 2012

Aquele da heterofobia

Esses dias eu fui chamado de heterofóbico. Gente, eu não sou heterofóbico. Não mesmo. Eu não tenho problema algum com a sexualidade das pessoas, eu acho que eu cresci com dificuldade o suficiente naquela prisão que a gente chama de escola para ter alguma atitude desrespeitosa desse naipe, o problema aqui na verdade está num nível muito mais pessoal do que as pessoas pensam de primeira instância, e não irracional.

Vou filtrar logo as mulheres dessa reflexão porque as mulheres geralmente são pessoas mais sofisticadas e fáceis de lidar. Pelo menos pra mim. Sabe o menininho que cresceu rodeado de garotas na escola, geralmente sem a companhia de outro garoto? Em toda turma teve um. Então, esse era eu. Inclusive até hoje é assim, tenho mais amigas do que amigos. É muito difícil eu me identificar com homens, mesmo gays, porque sei lá, o modo de pensar é diferente. Não que eu me identifique com o gênero mulher, seja transgênero ou coisa parecida, o que não é o caso, é mais uma questão de afinidade mesmo.

Eu não tenho problemas com caras héteros se você pensar no que essas palavras de fato significam: Caras. Héteros. Eu APENAS me reservo no direito de não me juntar com pessoas que acham que a ambiguidade que se encontra na frase "Ele gosta de comer banana" seja uma piada sofisticadíssima. Sabem? Eu não tenho paciência.

O meu problema então é com idiotice, com aquele nível absurdo de escrotidão e irrelevância que sai da boca de certos indivíduos do gênero masculino. Desde a infância nós somos informados que as mulheres são seres de um intelecto mais avançado, que amadurecem mais depressa, enfim. Daí nós temos aquela tendência ingênua a acreditar que aquele menino sujinho de lama vai crescer, tomar um daqueles tapas de consciência que a vida sempre nos dá e assim se tornará uma pessoa menos insuportável de se lidar. Mas não. Ele não amadurece. Ele continua a tratar a Banana como um eterno símbolo fálico em todas as ocasiões. E. eu. não. tenho. paciência.

Então, sei lá, quando eu dou aquela revirada nos olhos depois de ouvir um comentário infeliz e digo "Ai, hétero é foda" é porque, realmente, eu já tive de aturar muita coisa nessa vida em casa e fora dela, e já to de saco cheio.

22 de abr. de 2012

Aquele do cúmulo de ser assaltado

Finalzinho de tarde e Rômulo estava sozinho no ponto de ônibus de uma rua deserta quando Sr. Assaltante aparece. Não tinha nada além de uma nota de cinco reais em mãos, pra voltar pra casa.

"PÉRDEU, PÉRDEU, MANO, PASSA A GRANA!"

"Mas eu só tenho cinco, reais, moço."

"NUM INTERESSA, PASSA."

Sr. Assaltante arranca o dinheiro da mão de Rômulo e se afasta para ir embora.

"Espera, eu também tenho um celular, caso você queria roubar ele também."

Acontecimento verídico.

21 de abr. de 2012

Aquele em que eu sou sonâmbulo

Quando eu era criança eu fazia certas coisas das quais eu não me orgulho. Coisas que eu fazia quando estava dormindo. Eu não sei se eu posso realmente ser chamado de sonâmbulo ou se tudo isso é apenas outra condição psicológica porque eu acho que sonâmbulos não lembram de nada dessas situações, não é? Mas não, eu tenho recortes de imagens de não todos, mas alguns desses momentos.

Teve um episódio mais comentado aqui em casa porque eu tinha um primo dormindo aqui no dia, e ele e meus pais estavam acordados assistindo ao programa do Jô. Me contam que eu levantei de madrugada, andei o caminho inteiro até a cozinha, levantei a tampa da lata de lixo e fiz xixi lá dentro. ENQUANTO MEU PAI, DESESPERADO, SEM SABER O QUE FAZER VENDO FILHO DELE ANDANDO DORMINDO, ME AJUDAVA A NÃO ERRAR O ALVO. Eu devia ter uns seis anos idade, não lembro.

Teve outros episódios em que eu apenas andava pela casa tirando almofadas do lugar, parando em pé em frente a cama dos meus pais, abrindo e fechando a geladeira em movimentos viciosos. Levantava da cama e rolava pra debaixo dela (o que na primeira vez levou meus pais a acreditaram que eu havia sido abduzido por ET's já que eles não me encontravam em lugar nenhum da casa). Nada inofensivo.

Depois que eu cresci esses episódios começaram a ser menos frequentes até que pararam de acontecer, só que esses dias ocorreu um fato meio bizarro. Eu havia comprado alguns chicletes na farmácia e os deixei guardados na mochila. Quando acordei, tinha chiclete seco grudado nas juntas das minhas DUAS PERNAS. Quer dizer. Como?

Eu não sei o que aconteceu. A única coisa que me passou pela cabeça foi eu ter acordado de madrugada, mascado um chiclete e depois colado ele na perna porque, né, não tem lugar melhor pra colocar chiclete babado se não na sua própria pele enquanto você tá dormindo.

Agora, pra tirar aquela goma seca maldita das juntas foi a desgraça. Espero de verdade que não aconteça uma continuação desse episódio.

11 de abr. de 2012

Aquele do metrô lotado #03

Quem anda de metrô lotado sabe. Às vezes você se mexe contra a sua vontade. Você atravessa a porta numa ponta do vagão e sai lááá na outra sem saber como isso aconteceu. Pegar o metrô de manhã na primeira estação é a desgraça porque primeiro que o metrô tá supostamente vazio, né, e as pessoas saem correndo desesperadas pra arranjar um lugar ou um canto aconchegante pra se encaixar. Daí o que acontece, você meio que é levado pela corrente de gente contra a sua vontade. Por isso não adianta ir com amiguinho pensando que vai viajar de metrô conversando a viagem inteira, porque não vai rolar.

Outro dia entraram mãe e filha no mesmo vagão e não deu outra. Foram as duas arrastadas para pontos exatamente opostos.

Nenhuma alma viva falava no vagão.

"Ô MANHÊEE!!! CADÊ VOCÊ??!!", gritou uma delas, de repente.

Bem no extremo do outro lado do vagão, via-se uma senhora na ponta dos pés, esticando os dois braços, acenando como se sua vida dependesse disso.

"TÔ AQUIIIIIIIII!!!"

Daí pronto. Permaneceram conversando desse modo até chegarem na estação destino.
Foi a desgraça.

9 de abr. de 2012

Aquele da salvação

Vizinho vive a vida inteira só fazendo coisa errada, pagando de machinho, de fortinho "comigo ninguém pode". Bateu na mulher, fez da vida da esposa um inferno, deu um soco na cara da filha quando descobriu que ela estava grávida, expulsou filho de casa, renegou a neta porque ela nasceu preta.

Faz merda a vida inteira só esperando chegar na meia idade pra dizer pra família que se arrependeu. Comprou meia dúzia de CD's de música gospel pra ouvir no último volume do estéreo, de forma que a rua inteira possa ouvir o louvor vindo de sua casa.

Cadê a coerência? Desculpa, mas não to achando.

8 de abr. de 2012

Aquele da caixa de chocolate

Ao chegar essa época gordurosa da Páscoa de comprar rios de chocolate para amigos e parentes, quando minha família vem me perguntar o que eu quero, eu descarto a possibilidade de receber uma caixa de bombons na hora, se puder. Essas caixas de bombons sortidos é o que tem de pior para gente chata e fresca que nem eu. Basicamente porque nós não comemos qualquer chocolate.

O que acaba acontecendo é que eu ganho uma caixa de bombons e só como 1/3 das unidades que tem ali dentro. O resto acaba atravessando o esôfago da senhora Minha mãe, que na fome come até pedra.

Mas o que fazer quando você ganha uma caixa de bombons e o seu bombom preferido, aquele pelo qual seu coração bate mais acelerado enquanto abre a caixa, foi esquecido de ser colocado junto? O que fazer?

Serviço de atendimento ao consumidor, é claro.

"Minha senhora, é o seguinte. Eu ganhei uma caixa de bombons da sua fábrica e vocês esqueceram de colocar um bombom."

"Um bombom?"

"Sim, senhora."

"O senhor quer que nós o reembolsemos no valor de um bombom?"

"Exatamente."

"Tu. Tu. Tu. Tu."

7 de abr. de 2012

Aquele sobre San Telmo

Daqui a um ano e meio mais ou menos, lá pro final de 2013, eu estarei finalmente (ou provavelmente) me formando. E aí que chegou aquela época mágica em que você está bem no meio da sua graduação e todo mundo que entrou no mesmo período que você começa a pensar sobre as comemorações do fim dessa etapa maravilhosa de nossas vidas. Bem. Como pagar uma festança espetacular com direito a imprensa e reportagem na capa do jornal O Globo não está no meu orçamento e nem da maioria dos meus amigos, eu decidi não entrar na lista da festa de formatura que a galera que entrou comigo está organizando. Primeiro que estou inclinado a acreditar que a colação de grau da própria universidade já basta pra mim, segundo que eu não criei exatamente muitos laços com as pessoas que estarão de fato participando da festa.

Na minha faculdade a cada período os alunos de Literaturas são divididos em duas turmas: A turma A e a turma B. E por causa de uma maldição que assombra os alunos do meu curso desde os tempos mais remotos, a turma A está fadada a se odiar e criar subgrupos enquanto a turma B segue feliz e unida durante a graduação inteira. E é a turma B que está organizando e se concentrando em peso na festa particular de formatura.

Bom, eu faço parte da Turma A.

Não que a gente se odeie mesmo. Na verdade eu acredito que nos damos e interagimos entre nós muito bem. A gente só não tem a mesma figa e a perseverança da turma B de "Para sempre unidos". Então o que o subgrupo da qual faço parte resolveu fazer? Juntar uma grana pra fazer uma viagem homérica para a Europa. Não muito tempo se passou, todo mundo caiu pra realidade e percebemos que nada disso vai acontecer.

Bom, pelo menos EU caí pra realidade. Mas a ideia permanece viva. Alguns querem ir pra Portugal, outros querem ir pro Chile. Se eu pudesse escolher, eu iria para qualquer lugar de onde pudesse pegar um trem e viajar por todo o continente europeu.

Mas sinceramente, permanecer na América do Sul começou a não me parecer uma ideia tão ruim assim. Existe um lugar em especial que eu amaria ter a chance de visitar. Sabem, eu cresci lendo a Mafalda (geralmente nas aulas de língua portuguesa) e seria uma honra conhecê-la pessoalmente.


Mafalda atualmente reside no bairro de San Telmo, na cidade de Buenos Aires na Argentina e pode ser frequentemente encontrada num certo banco em particular.

Um dia ainda visito essa linda.

2 de abr. de 2012

Aquele do 2º de Abril

"Sabe quem me chamou de linda?", veio C me perguntar ontem.

"Quem?"

"O James Blunt. Estava ouvindo 'You're Beautiful' hoje."

Acreditem ou não, essa foi a piada mais sofisticada do meu 1º de Abril de 2012.
Meu dia foi de uma riqueza incontestável.

1 de abr. de 2012

Aquele do 1º de Abril

Eu odeio o 1º de Abril. Eu não sei se essa data é tão marcada assim em outros países, mas no Brasil, o primeiro dia do mês de Abril é um inferno pra mim. É a piadinha pra cá, é piadinha pra lá. E as pessoas não se cansam. Graças a Zeus esse ano o dia caiu num domingo e eu não sou obrigado a ir a faculdade ter que suportar piadinhas dos poucos héteros que existem na faculdade de Letras.

Não que eu já não tenha me divertido em Primeiros de Abril anteriores a custa de outras pessoas, né. Há alguns anos atrás eu me juntei com um amiga, que estava meio sumida de um círculo social de que fazíamos parte, e fiz todo mundo acreditar que ela havia morrido num acidente. Teve gente que chorou, quiseram fazer um memorial, foi um espetáculo, mas no fim quando minha amiga surgiu de trás de um arbusto gritando "Pegadinha do Malandro!", quem disse que as pessoas ficaram com raiva DELA, a mente maligna por trás da ideia? Não, não, não. Todo mundo ficou puto foi COMIGO, o desgraçado que disseminou a brincadeira sem graça.

Mas isso é passado. A verdade é que eu não tenho mais saco para esse dia e precisava deixar isso registrado. Por causa disso, eu prometo recolher-me a minha insignificância pelo resto do dia inteiro de forma que eu não me estresse com nada e ninguém. Afinal, meus amigos tem alma de piadista.