25 de fev. de 2013

Aquele do assento vazio no ônibus

E quando você entra no ônibus cujos assentos estão TODOS ocupados com a exceção de um? Você passa o olho pelo interior do ônibus e observa vários cidadãos de pé, como se o banco fosse uma fonte nojenta e apodrecida de fungos e germes, todos aglomerados em reprodução constante. Um elefante rosa no meio de um monte de gente.

Ué, por que ninguém sentou no banco, você pensa. Sentar, não sentar, o que fazer? Parece até a Escolha de Sofia. Por que, afinal de contas, ninguém está sentando no maldito banco? O tempo passa, mais pessoas entram no ônibus e o banco continua vazio. É como uma contínua e gradual linha de pensamento dedutivo que passa pela mente de todas as pessoas atribuindo tudo de ruim que pode ter acontecido ao espaço ao redor do banco. Alguém pode ter vomitado, se cagado, um bebê pode ter gorfado no colo da mãe, um mendigo cracudo pode ter sentado ali, há uma gama infinita de possibilidades, mas o mistério permanece em aberto. Por que ninguém senta?

Eu decidi descobrir. Sentei.

O mistério do banco vazio eu resolvi quase que instantaneamente quando aquele fedor de cecê de sovaco de três dias sem banho em época de verão do Rio de Janeiro entrou pelas minhas narinas.

Mas e agora, José? Levantar ou não levantar?

19 de fev. de 2013

Aquele da mosca no prato

"Gente, o que é esse negocinho preto na minha galinha? É um bicho?"

"Relaxa, é tempero."

"Não, sério, vê direito isso. É uma mosca? Pra mim tá parecendo uma mosca."

"Mosca? Na sua comida? Cadê?"

"Aqui ó."

"Caralho, isso é uma mosca mesmo! Olha ali a asinha dela, tá vendo? E varejeira ainda por cima!"

"Que nojo!"

"Perdi total o apetite."

"Isso é um absurdo, tem uma mosca no meu prato. E não caiu agora não! Ela tá cozida!"

"Viu, eu tinha razão, é tempero."

 Reprodução da hora do almoço do dia de HOJE no bandejão da Faculdade de Letras na UFRJ, com mais duas amigas.

Restaurante universitário. Não tem como ficar melhor do que isso.

18 de fev. de 2013

Aquele em que eu não sei beber

Definitivamente não sou do tipo de pessoa que bebe regularmente e talvez seja por isso que bebida e Jorge Alison raramente seja uma combinação que dê certo. Quando criança papai me ensinou que um adulto direito não bebe. Aquela coisa meio "Faça o que eu digo, não faça o que eu faço". Já mamãe me ensinou que se eu fosse beber eu tinha que aprender a beber, isso é, parar quando sentisse que a minha vergonha na cara já estava se desvanecendo.

Mas isso não procede.

Gente nova bebendo é foda, pra quê parar quando a coisa tá ficando boa, né? Vou parafrasear um amiga minha louca histérica do cu, que diz assim: "Quando eu bebo, eu bebo é pra ficar bêbada! Trêbada! Tropeçando nas próprias pernas!" Então quer dizer, bebo quase nunca, se é pra beber então que seja para aproveitar. A consequência disso tudo acaba sendo a total perda da dignidade pessoal: Desmaiando pela rua, vomitando tudo o que comi e sendo carregado pelo namorado. Namorado este que, aliás, é SEMPRE a pessoa responsável por toda a merda que acontece. E eu vou dizer o por quê:

"Bebe mais, Alison!",

"Vou ali comprar mais bebida pra você.",

"O que você quer beber agora?", entre outras coisas.

Nesse recesso de Carnaval eu fiquei empacado em casa terminando um artigo para a faculdade que deveria ter entregue no semestre passado e acabamos decidindo sair apenas no último dia. E ele levou VINHO pra mim. VINHO. Foi só pegar o embalo que bebi a garrafa inteira quase que sozinho, e ainda misturei com trocentas outras coisas que nem lembro. Receita para a desgraça.

Pela primeira vez na minha maioridade eu acordei no dia seguinte com total perda da memória da noite anterior. Eu precisei ver as fotos e ouvir os testemunhos das barbaridades que fiz para ter sequer uma ideia do quanto eu estava louco.

A única coisa que ficou na minha memória foi o comentário de uma mulher para uma ação completamente despremeditada de minha parte:

"Viram? Eu disse que alguém ia acabar dando um tapa na minha bunda!"

1 de fev. de 2013

Aquele do milkshake

"Moço, me compra um milkshake?"

"Não."

"Ah, num fode, então!"

Foi o que me disse um garotinho de rua em frente ao Bob's enquanto eu voltava pra casa ontem a noite. Essas crianças estão ficando cada vez mais exigentes. Quer dizer: "Não preciso de um prato de comida não, moço. Eu quero mesmo é um milshake de ovomaltine."

Adelaide discordaria de mim. Pobre também merece milkshake.